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domingo, 12 de abril de 2015

Pra onde ir? Parte 4 (ou: Encontrando o destino final)




Final da história que começa aqui, e passa por aqui e aqui

No mesmo momento em que fui percebendo que a Irlanda poderia ser mesmo meu destino, volta e meia lia em vários posts internet afora sobre um tema recorrente: a quantidade de brasileiros no país (e mais especificamente, em Dublin, a capital). O que é completamente compreensível, tendo em vista as facilidades de intercâmbio para o país, e a naturalidade de ter como opção a cidade maior e "mais importante". Confesso que fiquei preocupado com isso (hoje acho que tô menos encanado), e foi quando decidi procurar informações com quem eu acreditava que poderia me ajudar: minha ex-colega de trabalho que estava no momento na Irlanda, precisamente em Dublin.

O relato dela foi bastante incisivo, no sentido de achar que a quantidade de brasileiros realmente estava demais. De tal forma a ouvir tranquilamente pessoas conversando em português pelas ruas, e o alto número de alunos originários de terras tupiniquins, o que segundo ela estava influenciando no seu aprendizado (ou pelo menos ela acreditava que seria melhor não sendo "obrigada" a ter esse contato). Comentou inclusive de um amigo que foi pra uma cidade do interior (Waterford) e que gostou muito. Aqui, uma observação: acho que conheço essa minha "conselheira" o bastante pra pensar que ela é uma pessoa suficientemente inteligente pra não jogar a responsabilidade do seu "sucesso" nas costas das outras pessoas, ou seja, aquilo poderia mesmo estar atrapalhando. Havia a questão de ela estar com o namorado, mas não sei até que ponto isso também influenciava.

No final das contas, esse testemunho me deixou ainda mais receoso. Não que eu ache que não dê pra ter contato com a cultura "irish" ou desenvolver bem o inglês morando em Dublin (também é possível encontrar vários relatos mostrando isso), mas baseado no que me informei, em outras cidades essa possível preocupação não existiria com tanta intensidade. 

Quero deixar claro que não tenho preconceito com brasileiros, e imagino que nos momentos de aperto é quem poderá te estender as mãos com mais facilidade (e a quem eu pretendo ajudar sempre que possível), mas também acho que existem dois pontos que muitas pessoas usam de "muleta" e acabam se limitando, no sentido de não aproveitar o intercâmbio "em toda sua plenitude": quem ainda não tem um nível de inglês relativamente bom (ou tem vergonha de falar e errar), e quem está tendo a primeira experiência de viver longe de pais/parentes e de repente se tornam "donas do próprio umbigo". A minha avaliação hoje é de que essas pessoas provavelmente sentirão o "perrengue" com mais facilidade, e pra tentar manter uma mínima "zona de conforto", acabam vivendo o mais próximo possível da vida que levavam no Brasil. O meu conselho nesse caso (afinal foi o que eu acabei fazendo) é tentar ir, pelo menos, com uma bagagem relativamente tranquila da língua. Acho MESMO muito corajoso quem vai pra um país que fala outra língua sem saber nada ou quase nada, pois seria uma coisa que eu jamais faria já que sou um bundão e não arriscaria tanto.  Como disse, isso tudo é achômetro baseado no que li/assisti/ouvi, e no que penso ser verdade baseado em alguns argumentos. Pode ser que eu quebre a cara completamente chegando lá, mesmo já tendo em mente que generalizar é burrice, e que não é todo mundo descrito nas características acima que vai necessariamente se limitar.

Voltando ao assunto principal, depois de analisar e pensar sobre tudo isso, decidi mesmo começar a procurar por outras cidades na Irlanda, e as que entraram na minha lista (basicamente por serem grandes, apesar de menores que a capital) foram: Cork, Limerick e Galway. Minhas avaliações sobre os locais foi um pouquinho mais "profunda", mas vou detalhar aqui como uma visão geral.

É bastante complicado achar muita informação sobre essas cidades, principalmente quando se compara ao que há disponível referente à Dublin. Dessa forma, achei pouquíssima coisa sobre Cork, mas a quantidade de escolas (se não me engano, duas), e uma impressão da cidade ser mais fria (e quando digo fria é tanto clima quanto pela interação entre as pessoas como um todo) não me animou muito. De novo corro o risco de soar preconceituoso aqui, mas novamente, pela visão que consegui ter da cidade pelas buscas na internet, essa foi a impressão que tive.

Depois veio Limerick. O preço das escolas (ou da escola, pelo que vi), acomodação e custo de vida era bem baixo comparado à Dublin. Mas a escassez de informações (apesar de ter um brasileiro com uns vídeos no Youtube sobre a cidade e que foi bastante solícito ao me esclarecer umas dúvidas), uma fama aparentemente antiga de ser uma cidade perigosa, e a questão de haver apenas uma escola, a qual parecia ter mais ênfase no máximo até o nível intermediário de inglês, acabou diminuindo meu interesse.

E além dessas, tinha Galway. Ainda não é/era possível encontrar tanta coisa a respeito da cidade, mas sabe paixão à primeira vista? Tudo que li sobre a cidade me agradou! Além disso reparei uma característica que não vi em nenhum outro lugar: nunca encontrei um relato de alguém falando mal de lá (nem em português nem em inglês). Muito pelo contrário! Pessoas sempre dizendo o quanto a cidade é acolhedora, bonita, jovem, cultural, enfim, única. Isso não poderia ser um mal sinal, certo? Com três escolas de alto nível disponíveis, e com um custo de vida um pouco mais baixo que Dublin (podendo optar por dividir casa ao invés de dividir quarto na capital), essa definitivamente parecia a opção ideal!

Ainda nessa fase de "lua de mel" com a cidade, encontrei o canal no Youtube Time to plant things. Aparentemente estavam começando a postar vídeos, mas as informações que o casal Anne e Cauê mostravam e ainda mostram (e com muita qualidade), só me fizeram ter ainda mais entusiasmo por essa bela cidade no Oeste da Ilha Esmeralda.

Assim, depois de todo esse processo de definições e planejamentos (que envolveu dias e mais dias de conversas com amigos, parentes; e noites e mais noites de insônia), alguns olhares de aprovação e outros nem tanto, e munido apenas do desejo do "desafio do novo", meu futuro começava a tomar forma, de uma maneira que até pouco tempo eu jamais poderia imaginar.

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